Mãos Dadas

A encontrei no meio da estrada que sempre percorrí, ferida, sangrando e manchando o chão de dor. Estendí a mão sem esperar nada em troca, pode até parecer mentira, uma vez que nessas longas ruas, só encontra-se gente querendo algo mais; não foi meu caso. De qualquer jeito minha mão pareceu útil, ela se levantou, limpou as vestes, se equilibrou e voltou a caminhar. Ainda doía, ainda sangrava, mas ela não largou minha mão e continuamos percorrendo o caminho de sempre... até hoje sabemos a distância da felicidade, mas nada nos impede de sorrir. As vezes nossa estrada fica chuvosa, as vezes o sol parece queimar, mas nós ainda não soltamos nossas mãos, e com isso conseguimos algumas migalhas a mais de satisfação, com toda a força que juntamos com o tempo.
Apenas continue caminhando pelo caminho quente, pode parecer difícil e ainda que seja, choraremos o quanto for necessário, para curar qualquer ferimento que resolva aparecer. É a nossa verdade que permanece em nossos corações, e por mais que uma vez ou outra soltemos nossas mãos, no final do dia continuamos com as memórias de antes, e sabemos que é necessário a companhia alheia para continuar respirando, porque o chuva cai forte, o sol parece aborrecido; e nós sangramos, manchamos o chão de dor, mas não damos o braço a torcer. Aprendemos que no mundo as pessoas ruins estão mais perto, do que podemos imaginar, e assistir a desgraça alheia não é uma boa forma de espantar a dor. Ainda que continuemos chorando as vezes, a verdade não nos abandona, nem o sentimento, o sentimento bonito que nutrimos uma pela outra.