Saltos e Metrópoles

Eu entendo como foi difícil para você chegar até aqui, me entender nunca foi simples o bastante para manter as pessoas por perto . Eu mudo tudo em um curto espaço de tempo, de repente me apaixono pela música que sempre me recusei a ouvir; tiro aquela camisa horrível do guarda-roupa e faço dela a mais linda peça do mundo; encontro fotos antigas de momentos que nunca me agradou recordar, e percebo que o ridículo as vezes, pode não passar de uma enorme vontade de ser feliz.

Eu não te culpo por tentar voltar após uma longa e dolorida despedida, nem todo mundo sente falta de algo ou alguém que abandonou por livre e espontânea vontade, e até admiro sua coragem de bater na minha antiga porta. Eu lhe daria um sorriso se aquela casa ainda fosse minha, eu lhe convidaria para tomar um café se eu soubesse fazê-lo, e quem sabe vestiria um bonito vestido para sairmos caminhando por aquela velha e conhecida cidade.

Mas eu não tenho mais vestidos, não tenho mais a chave daquela antiga casa, e não tenho mais vontade de tê-lo por perto! Você nunca foi capaz de entender minhas mudanças, você nunca acompanhou meus passos desesperados em direção à qualquer coisa que me fizesse feliz; aliás devo parabeniza-lo, pois ainda não sei como me alcançou até aqui. Você tem preguiça de conhecer o mundo e ser feliz, não é a toa que ainda acredita que eu seja a mesma garota de sempre. Eu troquei meu tênis por um salto maior que a sua inteligência, imagine só como ando alta pelas metrópoles do mundo.

Perdoe-me também pela mudança repentina de humor. Mas as pessoas costumam evoluir, e me deixa nervosa perceber que você continua o mesmo, com bermudas rasgadas, camisas estampadas e uma cafonice de causar medo em qualquer ser vivo. Perdoe-me a falta de consideração por alguém que entrou num carro velho e permaneceu em silêncio durante anos, sem me dizer se o que tínhamos era verdadeiro ou não. Perdoe-me se pareço pouco educada, mas nos dias atuais a minha existência é o que de mais importante eu tenho. Entre no carro e mantenha-se em silêncio como fez naquele verão!