sábado, 2 de julho de 2011

Sol, Algodão e Imprevistos


O sol costuma brilhar em dias intensos como aquele, e ardia, machucava. O algodão escuro do tecido refletia em minha pele os perfeitos raios de um longo processo tomado como o início. O celular se negou a tocar, e eu não conseguia ouvir muito bem os ruídos ao nosso redor, não conseguia escutar nem o que eu mesma pretendia dizer. A incredulidade era a única sensação que eu era capaz de distinguir, em meio à tanta coisa estranha misturada com cócegas e borboletas.
A poluição da cidade grande não diminuiu, talvez por que eu devesse me acostumar com uma vida mais agitada, cheguei a cogitar a ideia de que aquele não era meu lugar mas, à minha frente estava o par de braços onde eu pretendia permanecer pelo resto do verão e talvez um pouco mais, logo me obriguei a esquecer tal ideia incabível em meus futuros planos. O mais estranho foi não aceitar, não querer contra minha própria vontade o que eu desejava a tanto tempo. Naquele dia o sol queimava meus neurônios com mais frequência, ou aquele monte de sensações esquisitas vieram daqueles braços abertos para mim.
Sabe quando você pisca e ao abrir os olhos novamente, percebe que tirou uma soneca de quase quatro horas? Eu pisquei, não dormi, mas como num passe de mágicas estava perfeitamente encaixada em seu abraço. Se ele fosse embora naquele mesmo dia, eu não me esqueceria jamais do encaixe perfeito entre o momento e a luz do sol, do barulho com a maldita e sufocante poluição, o algodão escuro do tecido entrando em contato com meu rosto, eu jamais me esqueceria de como aquele lugar por um instante foi meu e apenas meu!
Como eu disse, talvez o sol estivesse queimando meus neurônios com uma frequência maior. Você jamais entenderá mas, estar em ponto estratégico sem parecer muito importante, era na verdade uma forma de sonhar com os olhos fechados, e naquele abraço eu acordei. Então você me diz que sonhar acordada deveria ser melhor, mas eu não disse que é ruim, talvez aquela reação contrária fosse um disfarce mal feito pelo medo. Medo de realmente abrir os olhos e perceber que o sol não brilhava mais, que o tecido perdeu o toque macio, que o abraço simplesmente sumiu e que nossas vidas jamais se cruzariam novamente! E quem diria que no verão seguinte eu ainda estaria naqueles braços cobertos com algodão escuro?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...