domingo, 27 de fevereiro de 2011

Saudade


"Recordação suave e melancólica de pessoa ausente, local ou coisa distante, que se deseja voltar a ver ou possuir. Nostalgia." Disse o dicionário.

Ela demorou um bom tempo para explorar cada sensação estranha, que a pré-adolescência lhe causou. Acordava sorrindo, voltava para casa fungando, e quando se deitava queria apenas esmagar o travesseiro, como se o mesmo possuísse órgãos quebradiços como os de um ser humano. De repente se pegou olhando para um automóvel que corria para longe, seus pais desfaziam o sorriso enquanto a distância aumentava, e não demorou muito para o vazio chegar. No estômago algo machucava, não se engane menina... você tomou café da manhã! E o resto do dia foi amargurado, foi dolorido; como se não confiasse no chão em que pisa, como se pudesse escorregar e cair para sempre, sem respirar direito, sem enxergar até onde isso vai, apenas acreditando que passaria, um dia!

Já havia começado a aceitar que o planeta é redondo, que a Terra gira em torno do Sol, o mesmo sol que a obriga a se levantar da cama depois de um sonho mal acabado. Seus pais ainda procuravam entender, porque não fechava a janela na hora de dormir; e ela jamais disse à ninguém, o quanto amava admirar a estrela que sempre a visitava, quando a saudade resolvia aparecer. Entra pela janela, ilumina a noite com todo o cuidado, e espanta o bicho papão, que sumiu do armário e apareceu no coração!
Mas como toda história, o fim nunca é suficientemente bom sem um drama pessoal. Aquele era o que mais doía; pois fazia voltar ao passado, relembrar, sentir falta, e procurar em todos os cantos do quarto algo que suprisse a falta, algo que trouxesse de volta um sonho mal acabado. Mas ela apenas relembrou... era mais um automóvel que corria para longe, era a distância ficando cada vez maior; você se lembra? O chão escorregadio, o lugar escuro, e a fé de que tudo passaria, um dia!

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