terça-feira, 23 de novembro de 2010

Amarga Lembrança XVI


Tive que respirar fundo seguidas vezes, procurando entre meus suspiros um pingo de coragem para continuar lendo. Ele escreveu em letras de forma, lindas e bem desenhadas, palavras que na tentativa de me acalmar, só me assustaram ainda mais.

"Eu sei que não faz muito tempo que nos conhecemos, essa proximidade tem mexido comigo também, acredite! Mas quero me desculpar por ter feito algo, que te fez correr do meu apartamento, mesmo eu não sabendo o por que; eu realmente não consegui parar de pensar na forma como você foi embora ontem, e não me atrevo a ligar porque você provavelmente não vai me atender. Mas quando meu celular vibrar e eu ver seu nome na tela, não importa o que eu esteja fazendo, você vai ouvir minha voz do outro lado da linha! Beijos, Adam"

Foi um choque. O que mais eu posso dizer? Ele realmente estava esperando uma ligação minha? Qual é, por qual motivo eu ligaria para ele? Depois de ouvir um berro da minha mãe me chamando para o café, larguei o cartão no meio das rosas e desci escada a baixo. Minha mãe como sempre curiosa me perguntou sobre as rosas, e como não sou boa para essas coisas, deixei na mão dela para que pusesse água e cuidasse para que não morressem. Mais uma semana se passou, meus dedos coçavam, o telefone que nunca havia sido uma tentação para mim antes, agora me chamava a cada passo que eu dava diante dele, e o cartão que veio junto ao buquê não saiu do meio das flores, que agora ocupavam um vaso transparente, que ficava em cima da lareira na sala de estar. E eu fiz de mim mesma uma daquelas personagens de filmes de romance gringos, onde tudo o que rodeia o pensamento da mocinha tem a ver com o cachorro que quebrara seu coração; esse é o ponto, ninguém havia quebrado o meu, pelo menos não ainda - eu acho.
Eu fiz os dias daquela semana passarem devagar, como se nada mais importasse para mim, eu arrastava o pé descalço sobre o carpete macio do meu quarto, eu consumia carbohidrato (lê-se chocolate) como se fosse o último dia da minha vida, eu tropeçava nas escadas enquanto subia ou descia rápido demais, na esperança de me trancar ali e não abandonar minha cama nunca mais, cheguei até a cortar relações com o secador de cabelo. Eu passei a maioria dos dias emburrada, por que de madrugada ao invés de dormir, apenas observei as noites estreladas pela janela do quarto, eu tentei contar cada gota que caia do céu enquanto as músicas do Ipod tocavam freneticamente, e o que me emburrou na verdade, foi perceber que quando a noite acabava e o sol aparecia, a bateria do Ipod me deixava na mão, e adeus músicas, adeus noite, adeus paz!
Dezesseis dias que havíamos nos conhecido, certo eu contei os dias e guardei a data, algum problema? Tá vendo? Depois você reclama quando brigo com você, não precisa rir da minha estupidez, quantas garotas no mundo memorizam datas idiotas como eu? Pelo menos não desenho um coração no papel de bala, e deixo debaixo do travesseiro; não ainda. Dezesseis dias depois de toda essa bagunça na minha vida, o celular tocou; está vendo como o universo conspira contra mim? Nessas horas a bateria nem sonha com a possibilidade de acabar, o celular não tem a mínima vontade de desligar, e eu fico entre a cruz e a espada. Para a minha sorte não precisaria ouvir a voz de ninguém, era só uma mensagem! Ótimo, uma mensagem, meu coração iludido se aliviou; iludido porque quando comecei a ler a mensagem, ele voltou a pular.

"Me atender você não vai, me ligar muito menos. Certo, te espero em frente a porta principal do KGT em meia hora. Se você não aparecer, prometo sumir da sua vida! Adam"

Para quem não sabe KGT (Kaminaki Greek Taverna) é um restaurante bem conhecido da cidade, os melhores críticos culinários estão lá, e ele deu esse ponto de referência, porque eu realmente não teria como errar. Eu não sei com que dignidade vou dizer isso mas eu estava pronta em vinte minutos, e os outros dez usei para me enfiar num táxi e correr para a surpresa que a vida estava me preparando, fosse ela boa ou não. Quando cheguei na porta principal do KGT dez minutos atrasada, ele estava sentado próximo dali, algo me disse que se eu demorasse mais um pouco ele iria embora, e sumiria da minha vida como prometeu. De qualquer forma ele me olhou enquanto eu me aproximava, e quando eu levantei o olhar nós nos fitamos, e ficamos assim, por alguns minutos, longos minutos por sinal!

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8 comentários:

  1. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA QUE PERFEEEEITO :')
    que lindos *-----------* desculpa amiga, impossivel não gritar *O* HAHA
    continua, pfpfpfpf

    Obs.: Ela me mata de rir. KKKKKKK

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  2. Incrível como você não se comporta menina, o que minhas leitoras vão pensar da minha melhor amiga?

    Obs.: Tudo te mata de rir.

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  3. Que bonito o texto! Parabéns pelo blog e obrigada pela visita ao Batom :)

    www.batomnosdentes.blogspot.com
    Beijocas, Maria Luiza

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  4. Oi Maria Luiza, eu que agradeço pela visita, beijo :*

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  5. ah, me apaixonei pelo Adam.. quero um desse pra mim *-*; iushuiashuiashaiush
    muuito lindo Mariamor s2

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  6. Vocês duas tem que parar de ficar querendo o Adam, ele é minha invenção por tanto pertence a mim. Tenho ciume dele tá? u_u hunf
    obrigada amr, ASUASHAU

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