domingo, 17 de julho de 2011

Páginas de um Romance


Aquelas páginas estavam recheadas com as palavras erradas, que durante toda a vida eu faria questão de ouvir sendo suspiradas pela pessoa certa. Aquela história tinha cheiro de felicidade, e cada parágrafo era um filme antigo que criava vida em minha mente sempre tão fértil. Aquele autor que se escondia atrás de óculos redondos e palavras mal escritas, sabia exatamente como decifrar o sentimento alheio, sem antes ser consultado por qualquer sujeito ainda mais sábio, que seja.

Os comodos pequenos davam ênfase ao sol que entrava pela janela empoeirada, a porta rangia como naquela casa velha em que a vovó preparava seus pratos prediletos, nos porta-retratos haviam todo tipo de pose, todo tipo de alegria misturada com uma colher de chá de saudade. A cama raramente era feita, os lençóis tinham cheiro de girassóis, por que ela insistia em passar perfume até antes de dormir, e ele jamais se incomodou com tal vaidade.
Naquele feriado a preguiça não falou mais alto, ela gritou mais alto, fazendo-se o centro das atenções pelo tempo que achou necessário, e para apenas se levantarem da cama o sol teve que arder o máximo que pôde. Seus fios compridos se enroscavam neles mesmos, a unha mal feita não era motivo de preocupação, e as peças de roupa jogadas sobre o carpete seriam levadas à uma enorme montanha feita com outras peças, aquela vida de casal simples nunca foi um problema. Ela sentiu um cheiro estranho vindo da cozinha, e ao olhar em volta não teve duvidas de que todo aquele aroma era mais uma tentativa de cozinhar como a vovó. Começava a acreditar que ele jamais aceitaria a ajuda do livro de receitas. Essa foi a hora de se levantar!

- Tentando fritar ovos, cheff? - ela sorriu com cuidado.

Ele a olhou sem qualquer ressentimento, sorriu rapidamente e logo a levou para o sofá com cócegas por todo o corpo. E foi naquela tarde de feriado em que a preguiça fez o cheiro de queimado subir, a montanha de roupas aumentar, e os sorrisos fluírem como nos porta-retratos cheios de felicidade.

E é uma pena que essa história não saia das páginas daquele livro!

2 comentários:

  1. Os livros estão recheados de histórias para alimentar nossa imaginação e nos forçar a sonhar, porque nada se torna realidade sem antes ter sido um sonho ..
    ok, parei \z kk '

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