quarta-feira, 20 de julho de 2011

Naquele Velho Outono


Nós tínhamos mania de caminhar no parque aos finais de semana, e é claro que você ainda se lembra. É uma pena que aquelas folhas de outono tenham caído num chão de mentira, onde eu pisei, deitei e rolei, imaginando que na hora da queda você me puxaria pelas mãos. Mas você só me assistiu cair cada vez mais fundo. E estava certo, eu não poderia viver sem você, não naquela época, e foi o que eu fiz... não vivi. Só agora eu pude correr naquele mesmo parque, para juntar as folhas que caíram comigo enquanto você me dava as costas.
Sim eu esperei na janela, mesmo já estando convencida de que essa história mal contada jamais teria um final digno de palmas, eu esperei por que a esperança jorrava de mim num sorriso inquieto, diga-me o que me fez pensar que você estaria de volta. Afinal de contas não se tira férias de um amor, muito menos daquele que derrubamos num buraco tão fundo quanto a eternidade.
Eu ouvi sua música preferia, senti seu cheiro em outras camisas, e procurei aquele mesmo toque em qualquer outro abraço tão insensível quanto o seu, adivinhe meu querido... só encontrei mais dor. Até entender que o falso amor que nutria por você, era a necessidade de me fazer feliz.
Eu andei pelas noites escuras daquela cidade pequena, esperando encontrar uma voz ou um sorriso parecido. Eu adormecia junto com a lua, esperando que da janela alguma luz fraca te guiasse novamente até mim. E chorei com a mais verdadeira tristeza que alguém o pode fazer. Tudo isso para entender que a felicidade que esperei de você, dependeria apenas de mim. Eu observei as antigas fotografias esperando encontrar em seu rosto, algo que me ajudasse a lembrar do olhar pelo qual me apaixonei; e novamente me enganaram, mudaram... foram embora com você!
Foi numa daquelas noites em que a luz me hipnotizava, que reencontrei seus passos, deixe-me dizê-lo como me senti.
Algo dentro de mim pulou, eu travei como sempre faço quando o nervosismo aparece, eu parei no meio da rua esperando que você me olhasse. Você olhou, sorriu, encontrei em sua expressão aquela mesma ironia que se apresentava nas fotografias. Sabemos que sempre demoro demais para entender a gravidade das circunstâncias, e foi só depois da esperança reaparecer que vi outro corpo se encaixando em seu abraço.
Eu ainda estou no parque recolhendo as folhas que deixei cair enquanto perdia tempo com você. Por favor não volte aqui até o inverno chegar, não lhe fará mal já que tem uma frieza parecida com a dele!

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