segunda-feira, 18 de julho de 2011

Caminhos Desconhecidos


Eu estava apenas caminhando nas calçadas da cidade grande e luminosa, foi quando percebi que ele tinha razão quando dizia que meus passos eram pequenos e demorados, é uma pena não ter a chance de dizer isso à ele. Andar no azul dramático do céu quando a noite cai sempre me serviu de terapia, minhas pernas se moviam na mesma velocidade em que as músicas tocavam nos fones de ouvido, e eu sinceramente não estava preocupada com o horário.
Eu pensava nos defeitos do meu nariz que além de tudo é quadrado; pensava em como meu pé jamais voltou a crescer desde os meus 12 anos; lembrava-me das coisas que me arrependi de ter feito; e pensava com frequência em como pude deixá-lo escapar de mim, justo quando a lua pareceu ter escolhido a minha janela para iluminar. A vida é tão irônica e contraditória, que só agora percebi que o meu medo de magoar foi o que o magoou.
Eu não parei de andar sobre as nuvens que fisicamente se localizavam sobre minha cabeça, eu disse cabeça? Ela girava, e girava, e girava. E sem perceber eu começava a caminhar para um lugar que eu não sabia onde era e nem como chegar. Não demorou muito para o azul dramático do céu se transformar em algo tão escuro quanto o fundo do meu guarda-roupas, e quer saber a verdade? Nem aquele escuro me assustou mais que sua partida!
Se eu não tivesse percebido a tempo, desceria as escadas do metrô rolando do topo até o final, eu já disse que esse fato me ocorreu na infância?
Foi com as mãos no corrimão, e com a lerdeza dos meus passos que um casaco preto esbarrou em meu ombro. É perdoável se aceitarmos que na cidade grande esbarrar no ombro de uma garota lerda e distraída, é apenas mais uma forma discreta de descontar o mau-humor que o trabalho nos causa. Eu disse alguma coisa sobre casaco preto?
Eu sabia que aquela cor escura me parecia familiar. O tecido grosso e de marca, tinha aquele mesmo perfume que eu costumava sentir enquanto pegava no sono deitada num braço quente e forte. Demorou até que eu aceitasse olhar para o lado, e ali estavam os olhos claros que eu andei procurando naquelas últimas semanas. Em meu estado sóbrio eu sairia apressadamente, e essa ideia até me ocorreu... seria algo a se pensar se ele não tivesse feito o favor de sorrir.

- Aonde vai senhorita?
- Não sei.
- Posso acompanhá-la?

Eu apenas sorri! Pode parecer estranho, mas naquela mesma noite eu pude dormir sobre um braço quente e forte.

2 comentários:

  1. Nha, que lindo *---* '
    Euri nas partes das perguntas, parece eu esquecendo o que acabei de falar \z kk '

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  2. Mas a minha personagem não é doente como você não :O

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