sábado, 18 de junho de 2011

Uma Típica Noite de Inverno


Era uma daquelas tardes preguiçosas, como num domingo lento que machuca, como a segunda-feira que faz o despertador gritar às cinco da manhã! Eu tinha milhares de fotos penduradas na parede, e mais uma porção delas em porta-retratos diferentes, coloridos, mal distribuídos pela mesa espaçosa que nunca se cansou de segurar um monte de livros emparelhados.
Eu tinha uma parede amarelada, que sempre me quebrou aos pedaços, trazendo de volta lembranças infantis e significantes. Fazendo-me voltar às aventuras de baixo da coberta, que servia de teto para as minhas cabanas mal construídas. Eu tinha Meiko cantando aos sopros a melodia de tom baixo, que me fazia sossegar no carpete antigo ao fechar os olhos para absorver sua voz.
Eu tinha milhares de sonhos para serem realizados, tinha uma quantidade incontável de cartas para serem lidas, trazidas pelo velho senhor carteiro, sempre tão meigo e gentil. Tinha meus pensamentos incontroláveis, e minhas vontades repentinas de simplesmente jogar tudo para o alto, sendo que na maioria das vezes esse tudo era eu!
Eu poderia observar todas aquelas fotos, eu poderia construir uma nova cabana para me esconder, poderia talvez pintar as paredes livrando-as daquele amarelo antigo, ou quem sabe ler todas as cartas ainda fechadas, que se acumulavam ao lado da cama. Mas ao invés de ter ao menos um dia produtivo, eu me entreguei novamente às lembranças bagunçadas que você me deu de presente, e a noite chegou como sempre aparece no inverno... triste, preguiçosa, dando vida à lágrima que imaginei ter secado.

Obs.: Este texto faz parte da tag 'de quinze em quinze' do blog depoisdosquinze.com

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