domingo, 10 de abril de 2011

Outono Solitário


Sentada em um, dos milhares de bancos que existiam naquela praça; observando as folhas alaranjadas caírem com elegância, enquanto cada tombo de sua vida, vinha sendo dos mais desastrosos possíveis. Carregava para onde ia, todo e qualquer tipo de esquecimento, com a memória falha e a cabeça confusa, a única coisa que jamais esquecia ao sair de casa, era sua nova companhia; a qual por muito tempo não a permitiu ficar sozinha.
Um, entre milhares de outros bancos, ao seu lado esquerdo uma criança correndo para o colo da mãe, para quem sorriu gentilmente. Ao lado direito sua melhor amiga, com quem se deparava ao acordar, e não soltava a mão pelo resto do dia. Ela estava ali procurando alguém que a livrasse de imensa solidão, ainda que essa a tenha acompanhado por todos os lugares aos quais conheceu, e esteve em cada momento que se manteve respirando, por mais difícil que fosse!
Como todas as outras, ela consegue enxergar os inúmeros defeitos de um coração vazio, contanto que esse não lhe pertença. Cansada de olhar em volta, percebeu que num parque qualquer, nada poderia afastá-la de tal sentimento angustiante, uma vez que todos os outros habitantes daquele mesmo lugar, já possuíam uma ótima companhia, a qual não abririam mão jamais. Mudando totalmente seu modo de enxergar as coisas, porque o defeito pode ser algo óbvio a seu ver, mas jamais será corajosa o suficiente para entender, que esse maior defeito vive dentro do seu coração, que já não é tão vazio quanto parecia, a tempos atrás. Entre tantos motivos para fechar os próprios olhos, se manteve impossibilitada de enxergar seu verdadeiro reflexo diante do espelho, reflexo esse que todos admiravam, mas que para si própria, não passava de poeira sobre o vidro bem moldado!
Mas nós nunca estamos sozinhos, já que em todo canto daquela pequena cidade silenciosa existe vida; no céu, no mar, no ar, a vida se mostra imperceptível aos olhos de quem não costuma reparar, na verdadeira vontade de sorrir além do que é necessário. Mas costumamos fingir que o erro não existe, e se existe não pertence a nós; costumamos contar sempre as mesmas histórias, para sentir orgulho de algo que tem grande chance de não se repetir; e temos a insistente mania, de abrir os olhos de quem sofre por ignorância, enquanto os nossos se mantém fechados, por livre e espontânea vontade.
A mesma história que sempre se repete, mas ninguém sente orgulho de contar. De que adianta procurar felicidade a nossa volta, se não podemos enxergá-la em seu estado mais concreto, quando possuímos verdadeiros motivos para sorrir? A solidão a manteve cega, enquanto continuou procurando em praças vazias o verdadeiro amor, sem entender que não procuramos tal fenômeno, é ele quem nos encontra e nos escolhe! E tem medo de quem o necessita tão desesperadamente, a ponto de ter a solidão como melhor amiga.

2 comentários:

  1. Amo seu jeito de enxergar o mundo, pura verdade.
    "e temos a insistente mania, de abrir os olhos de quem sofre por ignorância, enquanto os nossos se mantém fechados, por livre e espontânea vontade."

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