terça-feira, 12 de abril de 2011

O Fim da Inocência


Uma garota quieta é facilmente reconhecida em meio a multidão agitada, é sua vontade de não se destacar que a faz chamar atenção, o que a deixa indiretamente conectada com as más intenções.
Ela não era alta, nem social, costumava tagarelar quando a porta do quarto se fechava, mas ao lado de fora, todas as suas palavras e suspiros, a impediam de abrir a boca na tentativa de se comunicar. Naquele mundo inventado dentro das quatro paredes de seu quarto, chorou noites inteiras por motivos que não conhecida, sorriu feito louca com as piadas idiotas que assistia na TV, e tinha duas formas de desabafar, sendo que nenhuma dessas possuía vida, um travesseiro para abafar o grito, um diário para mostrar em palavras o que não se pode explicar. A tendência era não saber onde isso se acabaria, a vontade de ser uma daquelas princesas de contos de fadas, fazia-lhe sonhar feito criança com algo que no mundo real se encontra extinto. Os olhos cintilantes diante de algo tão bonito, quanto um romance bem atuado pelo casal, ao qual lhe caberia perfeitamente o papel de vértice feminina. Sem jamais imaginar o quanto sofre a mocinha, quando essas mesmas histórias resolvem se tornar algo concreto.
A quietude era uma forma de acabar com o medo de sua própria reação, diante da presença daquele que lhe fazia suspirar, mas que na realidade mal sabia de sua existência. Ele tinha tudo o que um personagem apaixonante de Meg Cabot, precisaria para ultrapassar a mais alta barreira da perfeição; mas não enxergava literalmente tudo ao seu redor, pois se parasse apenas um instante para observar, saberia que em cada ângulo pequeno haveria uma trança comprida e um par de olhos calmos, reparando em cada traço de seu rosto branco.
Mas todas as manhãs ao sair porta a fora, se lembrava de abaixar a cabeça e andar em passos largos, para passar despercebida diante de algo que lhe pudesse causar medo. Difícil é não reparar na tamanha beleza de suas pequenas sardas, que destacava sua pele clara e seus olhos grandes. Com o tempo o notou se aproximar de seu cabelo avermelhado, e não demorou muito até que a levasse até a porta de casa, carregando seus livros com delicadeza.
Inocência! Ali começava a parte mais dolorida da vida, e ela mal sabia, como ninguém nunca sabe, nem descobre a tempo de evitar um dano maior.
Foi numa noite de sábado, onde poderia se manter quieta em seu quarto, observando as palavras de livros que já havia decorado, ou simplesmente agarrando seus bichos de pelúcia contra si mesma, para suprir a necessidade de calor humano. Não era abstinência, nunca havia sido; ou é possível sentir falta de algo que nunca nos pertenceu? Ela saiu pela porta com o consentimento do pai, e o receio no coração da mãe! O par de óculos ficou sob a cabeceira da cama, o silêncio em seu quarto era constrangedor, ainda que ninguém o estivesse habitando, e tudo se manteve quieto, quando ela passou pela porta carregando em seus olhos, lágrimas pesadas de maquiagem escura.
Não foi a primeira, não seria a última, e talvez ainda permitisse que outro rosto bonito iludisse sua alma, ao deixar os óculos em casa novamente. É o tipo de ciclo que não se encerra, e a próxima vértice, pode ser você!

4 comentários:

  1. Mari passando pra dizer que EU VOLTEI,e vim matar as saudades e pedir para você:
    Participar e divulguar nosso sorteio:
    http://ideiaoquadrado.blogspot.com/2011/04/olha-quem-esta-de-volta-ao-lar.html
    Beijos!!
    @WelenMedeiros

    ResponderExcluir
  2. Lindoo texto , e lindo o blog . Seguirei com certeza.
    Beijo

    ResponderExcluir
  3. Ai Deus, que medo D: Mas é a realidade, fazer o que?

    ResponderExcluir
  4. Nossa Welen, sumiu hein? Pode deixar que eu vou divulgar sim, beijo :*

    -

    Obrigada, volte sempre =)

    -

    Né? :T

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...