Neve, Papel e Loucura

Nostalgia. Se é verdade o que dizem sobre ir embora, respirar novos ares, e deixar um espaço para só então esvaziar a cabeça, é exatamente dessa forma que me lembro daquele inverno. Deixei-o em repouso sobre a cama, e sai porta à fora esperando que o ar batesse sobre meu rosto, para ter certeza de que estava viva, e que não corria o risco de abrir os olhos, e descobrir que era apenas um sonho!
Imaginei que aquele ato resultaria em uma atitude desesperada, mas naquele momento o verdadeiro significado de desespero era eu! Pouco tempo depois me encontrei num banco vazio, num lugar ainda mais gelado, cercada por pessoas que poderiam até mesmo distribuir felicidade, mas me vi apenas encolhida, lutando contra o frio, balançando os pés sobre a neve, e com um pedaço de papel que me distraiu, enquanto o vento fazia meu cabelo voar!
O ruído levou a inspiração e a imagem, para qual eu havia acabado de me entregar. Me apoiei sobre o gelo que cobria o chão, e não demorou muito até que me encontrasse num trem qualquer. Mais um banco, mais um papel, e mais uma imagem distorcida; sem saber para onde a vida me levava, sem saber o que me esperava! Esse teria sido o nosso último dia juntos, se ele não tivesse entrado no trem, e me tirado daquele ato... um tanto irracional.