quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Verdade Repentina


Eu ainda era pequena quando vovó dizia, para jamais me entregar a alguém que não me desse o coração. Era uma mulher sábia, cada palavra que suspirava tinha um sentido, um significado importante, mas sempre me perguntei como descobriria quando alguém me entregasse um coração, como deveria guardá-lo e cuidar para que nada de ruim o tocasse.
Cresci. Com a ajuda do tempo, tudo o que aprendi quando menor se apagou da minha mente... como quem acaba de nascer, sem memória, sem lembrança! Não me importava com nada, nunca me importei. Porque em nenhum segundo da vida, compreendi a ausência do que sempre quis sentir... amor. Quem vai querer sorrir, se olhar no espelho e admirar a fisionomia de felicidade que hoje está extinta... quem vai amar, quando o sentimento se esconde em cada rabisco que a vida apaga? Como iria entender o que é amar, se desprezei cada indivíduo que dividiu a vida comigo?
Eu passei por uma porta de madeira, me encontrei entre quatro paredes e um quadro pendurado, haviam cadeiras vazias, e eu esperei até o tédio me encontrar. Não demorou muito para ouvir ruídos, ai tudo parou...consegue ouvir? Me entregaram um coração!
De repente passou pela porta um par de olhos claros que me deixaram curiosa, um sorriso brilhante que me faria cair se não estivesse sentada, e o susto! A lembrança voltou...

- Jamais se entregue a alguém que não te dê o coração!

O garoto da cadeira ao lado, eu ouvi a voz rouca, eu olhei o contraste entre a pele clara e a camisa preta, eu pisquei diante de tamanha inteligência, e me senti fraca... porque em momento nenhum consegui desgrudar os olhos dele! Me senti fraca, porque enquanto meu corpo se jogava sobre a cama, meu pensamento ia até ele, que estaria em algum lugar do mundo, fazendo sabe-se lá o que.
O porta-retrato na cabeceira da cama; ela me segurava com afeto entre seus braços. Ela sorria sinceramente diante da minha inocência que me tornava dependente. Ela me deu seu coração de presente, através dos olhos grandes e escuros como a noite, enfeitada de estrelas brilhantes.
Olhei no espelho e respondi aquela antiga pergunta. Porque no fundo eu sabia que quando ganhasse um coração, o mundo me diria isso! Foi através do sorriso, através do olhar que ele me entregou o coração.
Já se passou tanto tempo, já aconteceram tantas coisas, ocorreram tantas mudanças; dá até para ficar curioso sobre histórias alheias.
Era começo de Setembro, o sol iluminava o interior da casa; e naquela tarde alguém bateu na porta... do outro lado encontrei olhos claros, uma camisa preta e um coração batendo; batendo para mim!

5 comentários:

  1. eu to ligada nesses olhos claros heim !
    hahaha
    que lindo o texto! a nossa avó estava certa mesmo!
    ain, que lindo, s2

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  2. E esses olhos claros não eram seus, uahsuashuahsuahs! Pois é, que bom que gostou.

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  3. Que lindo! Concordo com a vovo, nunca devemos dar o coração a quem nao merece hahaa

    http://balladofgirl.blogspot.com

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