segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Amarga Lembrança XV


Naquela tarde cheguei em casa, do mesmo jeito que chego desde os meus quatorze; estranha! Por mais que tudo indique o contrário, eu até tenho meus momentos confusos como qualquer outra adolescente, mas ficar estranha desse jeito não acontece sempre, talvez com uma certa frequencia mas não sempre. Enquanto eu passava como um avião diante da minha mãe, ela perguntava onde eu estava, porque demorei tanto e continuava com a tentativa frustrada de se explicar, sobre a decisão irracional que tomou em relação ao meu quarto. Eu não ouvi nada, só continuei correndo, subindo os degraus largos de dois em dois, me perguntando quando aquela maldita distância entre meu quarto e eu acabariam. Abri a porta e me joguei na cama, e fiz o que nunca esperei de mim mesma; eu estava chorando. Esse não é o problema, eu sempre choro, até quando não tenho motivo, ou quando simplesmente dá vontade de me esconder naquelas quatro paredes, olhando a chuva cair lá fora sobre a janela grande e branca grudada na parede, eu gosto de chorar se isso faz de mim alguém melhor, não me pergunte no que as lágrimas vão me ajudar a ser uma pessoa melhor, apenas aceite meu modo de expressão. A parte ruim é que eu sabia o motivo das lágrimas, sabia e não sabia. Quer dizer... eu estava chorando porque o cara que havia estado comigo a menos de uma hora, podia ser um ninfomaníaco viciado em sexo selvagem que troca de mulher como se fossem cuecas, imundas e sem valor. Eu só não sabia o motivo pelo qual aquilo me atingia de uma forma tão intensa, certo, nos conhecemos a algumas semanas, passamos a virada do ano juntos, bebemos e sorrimos como as duas pessoas irracionais, que realmente estávamos sendo naquele momento, dormimos de um jeito e acordamos de outro totalmente diferente. Dane-se, chorar estava começando a me deixar com dor de cabeça, e dor de cabeça em época de TPM me deixa ainda mais chata. Eu não estava cansada, e nem com sono, mas depois de um banho rápido eu dormi, dormi muito; mas juro que se pudesse dormiria ainda mais, para sempre.
Acordei, cedo demais na minha opinião. Eram nove e vinte do segundo dia do ano, e eu tenho um problema; por mais que eu queira, quando acordo e o sono vai embora não consigo ficar na cama, isso me irrita, me deixa entediada, me faz querer encontrar algo interessante para fazer, e eu sabia o que seria bastante interessante para mim naquela hora. Antes de levantar da cama com cara de múmia chorona - o que eu realmente era -, ouvi minha mãe com um de seus berros estressantes - e por sinal aprendi a gritar estéricamente com ela - com a voz se aproximando do meu quarto, cada vez mais. Não demorou muito para que eu pudesse ouvir as batidas frenéticas na porta, então fui abri-lá o mais devagar que consegui.
- Mel, filha, você não vai acreditar... - Minha mãe repetia as mesmas palavras, agitada como uma mulher que está prestes a dar a luz.
- Olá mamãe, bom dia para você também. - Ela ignorou minha ironia ainda agitada.
- Olha o que eu encontrei na porta da frente quando acordei Mel.
De repente minha mãe sumiu da minha frente por uma fração de segundo, e reapareceu com um buquê de flores brancas maior que ela. Qual é? Tá certo que meus pais estão casados a muito tempo, mas alguém avise ao meu pai que no século XXI, sair por aí mandando buquês de flores para as esposas é quase brega demais.
- Parabéns mamãe, ganhou flores brancas do papai em comemoração ao ano novo. Não esqueça de avisá-lo que os correios entregaram a encomenda com atraso.
- Não seja boba menina, não são minhas! Seu pai não é tão brega quanto parece. - Ela riu. - Tem um cartão ai dentro, juro que não li, só vi seu nome do lado de fora e vim te entregar. - Ela estava indo em direção a porta. - E não demore para descer, o café está quase pronto.
Eu fiquei ali paralisada por uns dois minutos, digerindo a situação e decifrando as palavras que minha mãe suspirou rápido demais. Então fui em direção ao buquê, que estava agora em cima da cama bagunçada, e quando abri o cartão trabalhado em branco e dourado, li o pior nome que poderia existir naquele momento! Adam.

...Anterior - Continua...

2 comentários:

  1. NHAAAAAAAAA, ok! desculpa, não vou gritar.
    é, acho que estou me apaixonando pelo Adam ♥.♥ -N HAHA
    Continua \o/

    Obs.: Ela realmente é sua cara.

    ResponderExcluir
  2. Heeey, nem inventa viu? ele é meu... quer dizer, da Mel!

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...