quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Desde Sempre


Me lembro de quando éramos pequenos, e eu me fingia de homem para brincar de carrinho com ele. Nós corríamos pela casa e vivíamos ralados, nós picotávamos papéis e colocávamos o balde de lixo, em cima da porta (todas as noites alguém caía nas nossas armadilhas). Nós aprontávamos diariamente, e eu chorava quando ele pintava (ou quebrava) minhas bonecas; mas quem disse que eu queria saber de bonecas, quando estávamos juntos? De vez em quando, as brincadeiras de lutinhas acabavam em lágrimas dramáticas, já que ele nunca teve coragem de me machucar, e eu nunca tive força o suficiente para fazê-lo.
Hoje, dez (ou mais) anos depois; ele carrega seus pesados dezoito anos nas costas, e eu preciso de três para alcançá-lo. Mas quem se importa com a diferença de idade? Tudo o que passamos juntos, jamais será comparado a quantos anos vivemos, uma vez que todos esses anos foram vividos da forma menos esperada e mais divertida, que pudemos ter. Eu nunca tive um irmão de sangue, mas ele sempre valeu por dez irmãos mais velhos, que mesmo brigando se preocupam com a menininha caçula da família.
Nós nunca fomos os adolescentes preferidos da casa, ao contrário, sempre demos muito trabalho, e fomos os mais arteiros das crianças. Mas percebíamos que aquela parceria jamais seria quebrada por uma ou duas doses de broncas, e sempre estaríamos ali, um pelo outro, em qualquer situação. Ele se fez ausente da minha vida por quase um ano, e nesse tempo eu precisei tirar forças de fotografias antigas, e cartas mal escritas, para viver. E eu me lembro exatamente do dia em que a vida o trouxe de volta para mim, eu já não podia chorar, pois todas as lágrimas escaparam de mim quando o telefone tocou, e eu descobri que estava a caminho de casa. Eu me lembro a roupa que estávamos vestindo, e me lembro da intensidade do abraço que trocamos, quando eu mandei embora toda a saudade, e me entregava a felicidade que me enchia de vontade de viver, por saber que ele estava ao meu lado novamente.
Eu não preciso ouvir de você que me ama, já que todas as vezes em que nos defendemos e intercedemos um pelo outro, comprova que juntos construímos nossas vidas. E que se todo o mundo se virar contra nós, estaremos unidos para lutar juntos; como sempre fizemos, como sempre foi.

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